retratos do artista quando coisa
1999

sobre

com pedaços de mim eu monto
um ser atônito


(manoel de barros)

Foto horizontal mostrando a sombra de uma mão indo em direção à saída de um cano de PVC, com cerca de 10cm de diâmetro. O cano está num chão de terra marrom-rosado, com manchas brancas de líquido seco. Ele está perpendicular à margem de cima da foto, à esquerda. A sombra do braço sai do canto direito e faz uma diagonal até quase a boca do cano; um dos dedos "toca" uma sombra que faz uma faixa preta em toda a extensão superior da imagem. O sol que entra pela esquerda ilumina o chão e a saída do cano, cujo interior também está preto.
Foto horizontal mostrando o detalhe de um chão de terra vermelha e seca, com alguns torrões e pedacinhos de capim seco. No lado direito, embaixo, aparece metade de um pé descalço, afundando na terra solta. No lado esquerdo aparece a sola de um sapato, parciamente coberta de terra.
Foto horizontal; detalhe uma parede branca desgastada pelo tempo, que agora está cinza e escura, com muitas manchas. No centro da parede havia uma janela larga que foi toda tapada com tijolos, exceto por dois cobogós pequenos, no canto superior esquerdo. Essa janela tapada foi parcialmente rebocada e pintada de branço; vê-se vestígios dos tijolos vermelhos por baixo. No chão há uma faixa estreita de mato seco.
Foto horizontal da sombra de uma pessoa sobre um chão de terra marrom com folhas de mato seco, ao lado de um guarda-chuva preto parcialmente dobrado. O guarda-chuva aparece no lado esquerdo e a sombra no direito, cortada na altura das canelas e dos ombros. Está ligeiramente inclinada em direção ao guarda-chuva; um dos braços está esticado, um pouco afastado, e o outro está recolhido junto ao corpo.
Foto horizontal; detalhe de um chão de terra marrom onde metade de dois pés descalços surgem na margem de baixo, defronte a um prato de ferro velho e enferrujado, com uma colher de sopa ao lado. Aparecem partes da raiz de uma árvore no chão. A cena está iluminada pelo sol do final do dia, com sombras pretas e alongadas em grande parte da  imagem, na direção da margem de cima para a de baixo.
Foto horizontal de uma espreguiçadeira velha, vazia, junto a uma fachada com uma porta fechada. A calçada é marrom, de cimento; a parede é azul no canto direito e branca no restante, com pintura velha e muito manchada. A fachada fica numa esquina e a porta está numa estreita parte chanfrada; é de madeira, pintada de marrom avermelhado e muito velha. Nas paredes dos dois lados vê-se outras duas portas (apenas um vão feito pela sombra do sol a pino). A espreguiçadeira também faz uma sombra preta no chão, e tem almofadas encapadas de tecido azul acinzentado. Não há ninguém na rua.
Foto horizontal de duas poltronas de ônibus, velhas e vazias, com estofamento de couro verde. Elas estão sobre uma calçada de cimento rachado, encostadas na fachada de uma casinha. A casinha tem parede branca com uma faixa azul escura embaixo, que está descascada e manchada. Acima das poltronas, à esquerda, aparece uma janela fechada, estreita e de madeira escura, cortada na margem de cima. Do lado delas há parte de outra poltrona, cortada na margem direita.
Foto horizontal; detalhe de uma parede branca com a pintura descascada, deixando ver a pintura anterior, avermelhada. O branco da parede tem manchas cinza-azuladas. O lado esquerdo da foto é atravessado por uma estreita faixa de metal na vertical, que parece ter sido um antigo anúncio de coca cola; está muito enferrujado e tem tons de marrom, vermelho e branco. As palavras foram todas apagadas pelo tempo.
Foto horizontal de um espelho d'água revestido de pequenas pastilhas azul-turquesa. Faltam muitas pastilhas, e isso cria manchas marrons no fundo. A água é transparente, com desenhos de pequenas ondas feitos pela luz do sol. Na parte seca, junto à margem de baixo, aparece a metade de dois pés descalços.
Foto horizontal; detalhe de um parabrisa de vidro rachado, verde escuro, com reflexos da luz do sol que entra pela esquerda. O lado direito está bem mais escuro e tem mais rachaduras. Na margem de baixo aparece metade de uma mão, com os dedos abertos pousados sobre o vidro, fazendo sombras escuras à direita.
Foto horizontal; detalhe de uma parede marrom avermelhado, que pode ter sido branca ou amarela no passado, mas foi colorida pelo tempo e pelo barro. Toda a superfície está coberta por nomes de pessoas, que foram profundamente entalhados no reboco. Os nomes foram entalhados uns sobre os outros e muitos deles não são mais legíveis.
Foto horizontal; detalhe de um chão marrom escuro com alguns pedaços de capim seco. Há um corpo sem cabeça, sujo de terra, de algo que já foi uma boneca mas agora é sinistro: uma perna e um braço de plástico à esquerda, um tecido embolado, rasgado e sem recheio no meio, um braço e um pé à direita. Está na metade da imagem, de perto, na parte de cima. Na margem de baixo está a metade de dois pés descalços e muito sujos.
Foto horizontal de uma superfície de madeira pintada de azul turquesa, coberta de finas rachaduras no sentido vertical. No centro, uma dessas rachaduras é maior, uma abertura preta com um centímetro de largura, que se afina nas pontas. A sombra de uma mão sai em diagonal da margem de baixo da foto, à direita. Quatro dedos da sombra tocam a parte de baixo da abertura.
Foto vertical mostrando metade de um outdoor azul marinho, quase preto, que está rasgado numa larga faixa vertical. Nessa faixa vê-se o rosto de uma mulher em preto e branco. O rosto aparece pela metade: uma sobrancelha, um olho, parte do nariz e da boca. A mulher tem uma expressão melancólica e o olhar voltado para baixo. Há rasgos em algumas partes do seu rosto. Na metade de cima da foto está um céu azul e uma nuvem branca junto à margem esquerda.(Esta é a última imagem da série.)