minas não há mais
2018

com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para minas,
minas não ha mais.
josé, e agora?

(drummond)

As duas fotos têm tons de azul e cinza, cores claras e desbotadas. A da direita mostra uma rua com calçamento de pedra cinza, uma calçada e a fachada de uma casa com uma janela estreita demais, uma porta e duas outras janelas estreitas e altas. A casa é antiga e está bem degradada pelo tempo. A foto da esquerda mostra uma pequena mesa de bar quadrada, de ferro, com quatro cadeiras e uma toalhinha de plástico, num canto formado por duas paredes. O canto é escuro e tem um ângulo que causa estranheza, pois é bem menor que 90 graus. O chão é de cimento e tudo é velho, desbotado e descascado.
A foto da direita mostra uma fachada branca com a metade de baixo escurecida pelo tempo e pela umidade, preta e esverdeada. Há uma janela e uma porta fechadas com tijolos cobertos por cimento. No alto, parcialmente sobre a porta, há um galho de árvore com folhas verdes.  A foto da esquerda mostra duas estátuas de cemitério contra um céu cheio de nuvens, em tons suaves de branco, cinza e azul. A mais próxima, no lado direito, é de uma criança ajoelhada, rezando, em meio perfil. A outra, mais ao longe à esquerda, é muito parecida com a primeira, mas está de pé e parece ser um anjo com as asas fechadas. As estátuas são cinzentas e têm fortes manchas escuras feitas pelo tempo.
A foto da direita mostra uma parede branca e antiga, que parece ter sido alisada à mão, com manchas de limo verde-escuro e uma pequena e velha caixa embutida onde se lê: cartas. A da esquerda mostra uma janela antiga de vidro e madeira, com cortina branca de renda de flores, escurecida pelo tempo, e uma grade de ferro com desenhos delicados que lembram flores. A parede é verde azulada, com pintura velha e desbotada.
A foto da direita mostra um chão de cimento em dois tons de marrom, com muitas rachaduras e uma inscrição feita à mão: Rio Novo 4-10-1951 A. V. S. N. A da esquerda é de uma pintura naif em uma parede, antiga e com cores desbotadas, mostrando três casinhas da roça, duas árvores secas, um chão rosa, laranja e branco e um fundo azulado. Um terço da pintura está coberto por limo marrom escuro, à direita e embaixo.
A foto da esquerda mostra dezessete chaves prateadas inscrustadas de forma irregular num chão de cimento, que está molhado. Há uma pequena folha no chão, encostada a uma das chaves e parecendo se fundir ao cimento. A foto da direita mostra uma menina de cinco ou seis anos correndo para a direita, para entrar em casa. Ela está de perfil e usa um vestidinho branco, sandálias e cabelo bem arrumado em diversas trancinhas curtas. A casa tem reboco de cimento velho e descascado, que deixa ver tijolos antigos e marrons por baixo. Encostada à parede, junto à rua, há uma bicicleta velha de adulto.
Imagem em tons de marrom, bege e cinza. A foto da direita mostra um rapaz passando de bicicleta em direção à foto da esquerda. Ele aparece dos ombros para baixo, ocupando quase todo o quadro, de lado para a câmera. Está sem camisa e usa uma bermuda azul acinzentado; a rua tem calçamento antigo de pedras do mesmo tom da bermuda. Vê-se a linha do meio-fio e logo atrás a parede de uma casinha bege com uma janela de tábuas marrons, bem pequena e fechada. A proporção é curiosa pois a casa é muito baixa, e a janela também. No canto direito há uma cerca escura de tábuas e plantas escuras que fecham a vista de cima a baixo. A foto da esquerda mostra um barranco de terra vermelha, onde a erosão deixou à mostra as raízes cinzentas de uma grande árvore. Há limo no canto de baixo, à direita, e uma folhagem verde-escura em cima, à esquerda.
A foto da direita mostra uma parede branca e uma pequena faixa do chão de cimento; na parede está pintada uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, negra, com coroa amarela e manto azul enfeitado. A parede é velha e a pintura está desbotada e manchada por limo escuro. A foto da esquerda mostra um piso cujo revestimento foi emendado com outro. Os dois são de ladrilhos hidráulicos, muito antigos e desgastados. O da direita está tão velho que não se vê mais os padrões, apenas as cores ocre, bege e cinza escuro. O da esquerda tem padrões de triângulos e losangos em três tons de cinza. Eles estão enquadrados de forma diagonal, e na parte de baixo dos ladrilhos cinzas aparece a metade de dois pés, calçados com havaianas pretas.
A foto da direita mostra uma parede de cimento com sete buracos pretos espalhados irregularmente. No centro da parte de cima há uma planta que parece ter crescido num oitavo buraco; ela tem ramos verdes e dezenas de florzinhas brancas. A foto da esquerda mostra a uma fachada branca com duas janelas cinza, de tábuas e estão fechadas. A pintura descascada deixa ver, sob as janelas, uma parede antiga de tijolos maciços. Há um poste de concreto entre as janelas. No lado direito, de cima a baixo, vê-se dois homens saindo do quadro, meio de lado e meio de costas; estão com camiseta preta e calça cinza, e não é possível ver seus rostos. Eles parecem bater contra a foto da direita.(Esta é a última imagem da série.)